quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Bikes, Magrelas e Mortes II

Na semana passada escrevi aqui que deveria haver um estudo ambiental desenvolvido pela prefeitura de São Paulo provando que a criação das vias exclusivas para as bicicletas era a melhor solução. Em outras palavras, este trabalho demonstraria que a população usaria menos qualquer forma de transporte movido a  combustão interna (motor) e passaria a pedalar. Sem que se prove isso, o que ocorrerá será apenas a diminuição de uma faixa de rolamento aumentando o tempo de viagem entre dois pontos quaisquer da cidade e assim emitindo mais gás carbônico.
foto Bill Hatcher
Vários caminhos podem ser tomados, contatar universidades ou centros de pesquisa de opinião para fazer um levantamento de qual porcentagem da população usará ou usaria bikes para suas atividades cotidianas, qual caminho essas pessoas fariam e se, as já construídas vias para as bicicletas são suficientes, úteis, subplanejadas ou inúteis. Ou seja fazer ciência e ter números reais sobre a ocupação das ruas.


Outro caminho seria procurar outras instituições preparadas para este tipo de trabalho. Há um órgão internacional preocupado, entre outras coisas, com a mobilidade urbana. De nome ITDP(Institute for Transportation and Development Policy) algo como Instituto de Transporte e de Desenvolvimento de Políticas (Públicas) e que presta serviço em várias cidades no mundo. Tem como objetivo projetar e  implementar serviços de transporte de alta qualidade e auxiliar nas políticas públicas de maneira e a tornar as cidades mais viáveis, habitáveis e sustentáveis. Em São Paulo, eles ajudaram a planejar, com um plano piloto, as ciclo faixas e ciclo vias no entorno do Butantã. Uma das idéias deste grupo, no sentido de diminuir o uso de automóveis foi aquela já aplicada em Londres, o pedágio urbano, como uma forma de gerenciar a enorme demanda por transporte em automóveis, reduzir as emissões e tentar melhorar a qualidade de vida da população.
Los Angeles, foto Jodi Cobb
Na California, num caso bem parecido com o que acontece por aqui, acabou virando um problema bem americano, com advogados e a lei envolvida. Enquanto em Los Angeles se pretende construir 2800 km de  vias para bicicleta, em São Francisco o projeto dessas construções parou. Um camarada encontrou uma lei que em essência,  exige um estudo de meio ambiente aprofundado em relação as conseqüências de qualquer projeto que venha a alterar o tráfego em qualquer rua. Este é um estudo que tem que provar que vale a pena construir esses caminhos, que a população irá utiliza-los e que por causa deles se irá emitir menos CO2. Como esta é uma lei estadual todas as cidades da California tiveram seus planos de vias para bikes paralisados até que haja uma solução.  Por aqui não temos este tipo de lei.

Na Austrália  (Queensland Govermment) há vários estudos relativos a emissões de gás carbônico e o uso de bicicletas, para as condições locais, como consumo médio, tipo do combustível utilizado lá, assim como a parte da população que fica presa nos engarrafamentos. Um bem didático, que resume vários estudos, começa explicando as vantagens médicas de se pedalar. Passa pela vantagem de não se precisar de carros para pequenas distâncias, nem construir e manter  locais(aterros) para disposição final de carros ou peças originárias deles. Para o caso da terra dos cangurus, cada ciclista que pedale 10km diariamente deixa de emitir 1.500 toneladas de CO2 anualmente e economiza para o governo A$ 1.700,00 em transporte público. O transporte corresponde a 15,5% das emissões dos gases de efeito estufa e, sabendo este número uma das formas de se baixar é pelo uso constante e perene das magrelas. Este estudo é tão bacana que ele avança em outras áreas do conhecimento e afirma que pedalar permite as pessoas interagirem socialmente e se sentirem parte da sua comunidade local.


Para aqueles que gostam de economia, a Forbes, fez uma reportagem sobre o dia sem carro(Une Journée Sans Voiture A Day Without Car, Um dia sem carro), que acontece em várias cidades ao redor do mundo, eles capricharam e escolheram uma das mais bonitas do planeta, Paris. Aproveitando que este ano a reunião da ONU sobre o clima (COP 21) será lá farão o dia da bicicleta no período do encontro do clima. Então, neste mês de setembro, dia 27, teremos o dia sem carro.



Há vários trabalhos que dão base para discussões sérias e que devem ser feitos, basta saber se serão.

Como sempre, para quem quiser ler mais:
Nat Geo 1979, jan (pp 26-27) e 1997, may(pp 116-117)
https://www.itdp.org

http://www.tmr.qld.gov.au/Travel-and-transport/Cycling/Benefits.aspx#     
http://www.zdnet.com/article/are-bicycle-lanes-really-green-some-city-residents-see-red/ Página 6 de 11at tests this possibility, but many cities have modeled the effect of bicycle lanes before installing
http://www.forbes.com/sites/ceciliarodriguez/2015/08/19/french-car-ban-makes-history-for-one-day-in-september-there-will-be-no-traffic-in-paris/
The Indu, april 25, 2015

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