A maior empresa de gás natural do mundo é russa e se chama Gazprom. Uma de suas maiores consumidoras e sem dúvida a mais importante delas é a Europa. Da matriz energética européia o gás natural ocupa a segunda posição atrás apenas do óleo combustível.
A Gazprom irá extrair gás na área do Círculo Polar Ártico por meio de uma plataforma marítima (offshore). Diferentemente da Antártica, que é considerada um bem mundial e onde se pode fazer pesquisa mas não extrair comercialmente nada, o Ártico ainda é motivo de controvérsias territoriais e econômicas, principalmente porque possui reservas de gás e de petróleo.
O Greenpeace com o intuito de chamar a atenção do mundo para a construção dessa plataforma marítima numa área ainda pouco explorada articulou dois protestos nos últimos tempos.
Um desses protestos ocorreu em um jogo de futebol. As partidas da UEFA Champions League são televisionadas e assistidas em todo o mundo, na final deste ano teve uma audiência de mais de 150 milhões de pessoas, e foi transmitida para 200 países. Um ótimo lugar para um comunicado global. Os ativistas do Greenpeace penduraram uma faixa no teto do estádio. Durante o jogo de uma equipe que é patrocinada pela Gazprom, o time alemão Schalke 04, a faixa desceu e o árbitro teve que paralisar a partida por 5 minutos.
Num outro protesto, esse mais arriscado e cinematográfico, um grupo do Greenpeace abordou a plataforma da Gazprom no círculo polar ártico. Na foto abaixo, tirada em um barco que se aproximava da plataforma, uma bandeira amarela é segurada dando a sensação que uma plástico cobria toda a estrutura. Na abordagem foram colocadas faixas de protestos na plataforma.
Como conseqüência deste segundo ato o governo russo prendeu 30 ambientalistas que participaram da sua organização. São pessoas de várias nacionalidades inclusive a bióloga brasileira Ana Paula Maciel. Foram presos na cidade russa de Murmansk sob a acusação de pirataria.
Segundo o dicionário Aurélio pirataria: dir assalto criminoso, no alto-mar ou na costa, praticado pela tripulação ou passageiros de um navio armado, de existência clandestina, contra um outro navio, para se apoderar da sua carga, bens, equipagem ou passageiros. Por essa definição, nada do que foi feito pelos ativistas passa perto de ser incluído na categoria de pirataria.
Se fosse possível roubar uma plataforma inteira, até o primeiro satélite produzido pelo homem, o Sputinik, seria capaz de encontra-lo!
Os protestos organizados pelo Greenpeace atingiram os seus objetivos, as duas imagens, a da faixa pendurada em um estádio e a da plataforma cruzaram o mundo. Os jornais publicaram as histórias e as pessoas foram tocadas.
No Brasil, quando ocorrem protestos, caixas de correio são arrancadas, vitrines são quebradas, ocorrem saques em lojas e roubos de agências bancárias. Essas manifestações, dessa maneira, são muito mais atos de pirataria e de bucaneiros do que aquele do Greenpeace.
http://greenpeaceblogs.org/wp-content/uploads/2012/12/Save-the-Arctic-Gazprom.jpg
http://www1.pt.uefa.com/uefachampionsleague/index.html
http://www.gazprom.com/
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/10/russia-acusa-formalmente-brasileira-de-pirataria.html
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