sexta-feira, 7 de abril de 2017

O Acordo de Paris, 2oC e o Donald


O Acordo Climático realizado em Paris (de 2015) foi o primeiro a ter o reconhecimento de todos os países presentes, de que é necessário diminuir a emissão dos gases de efeito estufa. Os nomes e os símbolos desses encontros foram vários, por exemplo:  21ª Conferência das Partes (COP-21) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e à 11ª Reunião das Partes no Protocolo de Quioto (MOP-11). 

                                                                                                       


Neste acordo os países se comprometeram a diminuir as emissões dos gases de efeito estufa.
A lista desses gases nem é tão grande mas, basicamente está se falando de gás carbônico, CO2, aquele que sai das chaminés e escapamentos. 

A grande surpresa do encontro de Paris foi a presença de China e dos Estados atuando em conjunto para a diminuição das suas próprias emissões. Um ano antes, em 2014, os mandatários desses países acertaram um acordo bilateral sobre o que seria feito  em Paris.

Como essas emissões são um problema?


No gráfico abaixo no eixo horizontal, dos x,  é representado o tempo (em 50.000 anos) e no eixo vertical, dos y, a concentração de carbono na atmosfera. Há, visivelmente, um ciclo com aumento e diminuição da concentração de carbono a cada (+ ou -) 100.000 anos. A partir de 1950 ocorre um crescimento mais rápido, e fora do ciclo, de CO2 no ar que respiramos. Hoje a concentração de CO2 se aproxima de 400 ppm (uma parte de  COpor um milhão de partes de atmosfera).






Tendo em vista este aumento das emissões de CO2, o que ficou acordado em Paris foi:

 o aquecimento do planeta deve ficar abaixo de 2ºC;
os países ricos devem garantir financiamento de US$ 100 bilhões por ano para os países mais pobres que sofrem com as mudanças climáticas;

os 2oC?
 por que isso realmente importa?

Na realidade o texto fala em deixar muito abaixo de 2oC e limita-lo em 1,5oC. Parece que esses valores são tão próximos e pequenos, qual a razão dessa preocupação?

No gráfico abaixo, há uma temperatura considerada como temperatura média da Terra que é de 13,9oC.  Essa é a média entre as temperaturas que foram tomadas do Alasca a Osasco, do Saara a praia do Rosa, de dia e a noite. Do lado esquerdo, no eixo dos y, aparece a variação a partir desta temperatura média, +0,2, +0,3 ...  .  

Esses dados mostram uma parte apenas do gráfico, são dos últimos 136 anos e o ano passado (2016) foi o ano mais quente já registrado na Terra.






Agora vamos juntar todas essas informações.

 Como o CO2 nos afeta?
Ele aumenta a temperatura média do planeta.


Você conhece o Manny, o Sid e o Diego? Daquele desenho "A era do Gelo"? 

Num dos desenhos ocorre uma diminuição da temperatura e no outro um aquecimento. Esse processo de abaixar e subir a temperatura é visualizado no gráfico. Cada vez que a linha do gráfico abaixa ao ponto mínimo ( vale) ocorreu o congelamento, cada vez que a linha sobe e chega no topo(crista) ocorreram as maiores temperaturas e o degelo.


No gráfico abaixo há uma linha horizontal com marcação de 100 mil em 100 mil anos, partindo do tempo presente e indo para o passado (à esquerda) .  O número zero do lado direito é o tempo presente (hoje) e o tempo corre para a esquerda em milhares de anos a partir de hoje (before present).




Nas colunas da esquerda há a concentração de CO2 e de Metano (CH4). Na coluna vertical da direita estão os numeros relativos a medida da temperatura. Repare que há um zero ali ( o número 0), este zero representa a temperatura média da Terra(como no gráfico acima!) ao longo desses 400.000 anos.



Quando há um aumento da concentração de CO2 e de CH4 a temperatura também aumenta, há uma relação entre entre a concentração desses gases na atmosfera e a temperatura da Terra. Quando as concentrações desses gases caem, cai também a temperatura, é um ciclo de milhares de anos.


A maior temperatura média da Terra foi (quase) 5 oC acima da média com uma concentração de carbono de 325 ppm.

Pois bem, a concentração de CO2 de hoje está próxima de 400 ppm, algo que a Terra nunca teve em sua atmosfera. O que indica que a temperatura possa subir (se acompanhar o ciclo) para valores maiores do que os que  já foram registrados. Por isso os cientistas falam que há  mudanças profundas ao redor do planeta que estão desafiando os limites do entendimento sobre o sistema climático, e que estamos em um território desconhecido.


O Acordo de Paris, Obama e o congresso
Quando esses acordos climáticos são assinados, quem está ali com a caneta na mão é o líder máximo de cada país, o presidente ou o primeiro ministro. Esses camaradas são famosos: o Obama, a Angela Merkel, gente desse calibre. Porém, o que o pessoal das Nações Unidas percebeu é que, quem faz as leis é o parlamento (ou o congresso, depende do regime do país) e esse povo bacana, perfumado e famoso deixam o encontro conhecido, mas eles não fazem leis. Então, o povo  que organizou o encontro decidiu também falar com os congressistas e com os parlamentares, para azeitar a máquina que faz a lei.

O Obama, promulgou algumas leis (ou o que quer que um presidente dos EUA promulgue) visando a diminuição das emissões de gases de efeito estufa e TODOS os estados do partido contrário ao dele, entraram na justiça para barrar a tal lei. No caso dos EUA não deu muito certo, já que o congresso de lá não topou alterar leis.



Por serem os dois maiores poluidores individuais, China e Estados Unidos sentaram-se em separado um ano antes para que acertassem uma diminuição da emissão de CO2 e uma programação para que isso ocorresse. 
Na semana passada, quando Trump nega esse acordo, e manda uma banana para o mundo, a China (que está pondo em curso o maior uso de placas de energia solar do planeta visando uma diminuição do uso energia fóssil) chama o governo norte-americano de Egoista por não servir de modelo aos outros países, e que Pequim se sente desconfortável por servir de lider nesta caminhada!


Por último,  as mudanças Climáticas são uma mentira?

O IPCC  (http://www.ipcc.ch/index.htm) é o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, um órgão ligado a ONU, que organiza as informações sobre mudanças climáticas. São as pessoas/pesquisadores ligadas ao IPCC que geram os relatórios que mostram como o clima está mudando.

As mudanças climáticas estão ocorrendo e o aumento da temperatura da Terra é apenas um dos fenômenos dessas mudanças. Isto é um fato científico. São mais de 2000 cientistas de todo o mundo que trabalham trocando informações e compilando relatórios sobre esses eventos. Então, se há algum erro nos trabalhos dessas 2000 almas, só consigo imaginar dois caminhos: 

- o caminho do Page, do Sergey e do Mark. Esses camaradas quando estavam na universidade descobriram uma forma de ganhar (muito) dinheiro, deixaram as publicações e o mundo acadêmico de lado e partiram para figurarem entre os mais ricos do mundo, com o  Google e o Facebook.

- o caminho do Albert, em 1905, enquanto trabalhava em um escritório de patentes publicou alguns dos trabalhos/papers mais importantes da história da ciência. Segundo uma das biografias, o pessoal que atribuia o prêmio Nobel,  tinha em mãos trabalhos tão inovadores, que não conseguiam achar quem pudesse dizer se Einstein estava certo (ou errado) !! Ao longo dos anos se descobriu que ele era um gênio, e levou o Nobel com o fenômeno não tão espetacular, o efeito fotoelétrico.

$$$
Os países que assinaram o acordo vão gastar dinheiro para trocar o uso de  combustível fóssil por algum outro que não seja. Imagine que eu, por querer diminuir a emissão de 
CO irei trocar meu carro flex por um  elétrico. Ele é mais caro e apresenta uma série de restrições tais como: vou de carro do Rio de Janeiro a Belo Horizonte, onde recarrego?  Se alguém descobriu que isso é uma falácia, todos os países democráticos estão trocando suas matrizes energéticas, caramba vá lá avisá-los e ficar rico.


Artigo de prêmio Nobel publicado no Politreco?
Na minha faculdade havia um jornal do grêmio estudantil, o nome do jornal era Politreco, você deve conhecer o estilo: dicas, mumunhas e mutretas para viver os anos de escola.

Todos os professores universitários brasileiros tem a sua vida acadêmica aberta ao público em um site chamado Plataforma Lattes (http://lattes.cnpq.br/). Neste site estão as publicações, as teses e as patentes de cada professor, inclusive as minhas estão lá. Então, se você ouvir algum professor universitário falando que Não existe mudança climática acontecendo, vá lá no site e veja em qual revista ele publicou essa informação que vai impactar o mundo da ciência, na revista Nature por exemplo, (no Politreco não vale!) e nos conte.





http://www.nature.com/nature/index.html https://nacoesunidas.org/cop21/

http://www.mma.gov.br/clima/convencao-das-nacoes-unidas/acordo-de-paris
http://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,onu-confirma-calor-recorde-e-diz-que-clima-entrou-em-territorio-desconhecido,70001707476
https://www.nytimes.com/2017/03/31/opinion/climate-progress-with-or-without-trump.html?_r=0
http://www.globaltimes.cn/content/1040255.shtml
http://exame.abril.com.br/mundo/china-chama-eua-de-esgoista-por-querer-reviver-carvao/
http://g1.globo.com/natureza/noticia/2016/11/acordo-do-clima-de-paris-entra-oficialmente-em-vigor-nesta-sexta-feira.html