domingo, 27 de setembro de 2015

Big Australia o plano de crescimento movido a água do mar

A Austrália tem um plano de crescimento chamado Big Austrália. Com o envelhecimento da população que mora na terra dos cangurus um dos caminhos para se criar um país dinâmico, engajado e próspero é o de abrir as fronteiras para imigrantes, eles querem 36 milhões de pessoas vivendo lá em 2050. Um país que tem quase o tamanho do Brasil(tirando-se do mapa o Estado do Mato Grosso) e uma população quase do tamanho da grande São Paulo (24 milhões de habitantes) precisa de gente para ocupar fisicamente o país e massa crítica em todas as áreas do conhecimento humano. 

Para esse projeto dar certo, eles vão precisar de água, muita, o continente Australiano é o mais seco dentre todos da Terra. A população se concentra no litoral, o centro do país é ocupado por desertos. Para dar água doce para esse povo todo eles estão construindo usinas para dessalinizar a água do mar.

Uma temporada de poucas de chuvas durante quase 15 anos fez a luz vermelha acender e disparar processos de produção ou captação de água potável. Esses anos todos de baixa de chuvas fez com que a população das áreas urbanas ficasse exposta e com baixo nível de segurança hídrica.

Para exemplificar a secura do país, a figura abaixo é o desenho das precipitações, boa parte da nação está abaixo de 150 mm por ano. Como comparação, um dos mananciais  que abastece 5,3 milhões de pessoas na Grande São Paulo, recebeu 188,9 milímetros de chuva apenas no inverno, período de seca. O que mostra que na região metropolitana de São Paulo que passa por uma época de maior seca das últimas décadas tem maior precipitação do que quase toda a Austrália.
Para cumprir com o plano de trazer gente, eles precisam de água, assim os australianos estão gastando um pouco mais de 13 bilhões de dólares para construir  usinas de dessalinização. Na figura abaixo estão mostradas as usinas que irão abastecer a população (urbana). Uma usina que gera 150 GL( gigalitro = 1 seguido de 9 zeros) por ano custa 3,6 bilhões de dólares. 

Eles vão captar água do mar, retirar os sais e entregar água doce à população.  São duas as razões que levaram os australianos a construir essas plantas: as mudanças climáticas que secaram um país já seco e um segundo motivo bem estruturado e calculado, eles (as pessoas do governo australiano) esperam que o país tenha um crescimento populacional até 2050 de mais de 50% da atual saltando para  uma população de 36 milhões, no projeto chamado Big Australia. O segundo motivo então, é estratégico, para o país crescer precisa de gente, para ter gente precisam de água.
Por exemplo, em Perth a usina produz 143 ML/d( 143 milhões de litros de água doce por dia)

Mas nem tudo está tranquilo por lá, uma parte da população e os ambientalistas não gostaram da idéia das usinas de dessalinização. O processo de se obter água potável a partir da água do mar é energia intensivo, consome-se muita energia no processo.

A população reclama da conta da água  (como aqui). O custo está entre 1,75 e 2,00 dólares australianos por metro cúbico (uma caixa d’água), sendo este valor referente aos custos de construção, sistema de limpeza (filtros) da geração de energia e produção. Metade deste dinheiro é gasto no processo de dessalinização.  No Estado de Vitória um caso que, infelizmente, é bem comum por aqui, houve um atraso na construção da usina e a população já paga a mais por uma água que ainda não veio do mar! Em outras cidades como Sidney a usina está pronta mas como voltou a chover e, há água nos reservatórios, desligou-se a fábrica de dessalinização, mas está se pagando a conta pela construção da usina.

Os ambientalistas afirmam que produzir água assim aquece mais o planeta e seca mais o país, pois gera mais gases de efeito estufa como o CO2 durante a queima do combustível, já que o combustível mais utilizado na Australia é o carvão. Assim há quase que uma troca de necessidades da população tem-se água mas gasta-se energia para se ter esse conforto.

A Australia tem um plano de desenvolvimento, um projeto para o país, algo que é fantástico pois aponta uma direção, indica para onde se vai. Faz tempo que não temos por aqui  qualquer coisa minimamente parecida, em nenhum nível, municipal, estadual ou federal. As viagens das pessoas que fazem políticas públicas, que são tantas, precisam começar a passar por lá.



para quem estiver interessado em saber como funciona uma usina deste tipo, você pode fazer uma viagem virtual  no site http://www.sydneydesal.com.au/how-we-do-it/process/process-overview/
http://www.nytimes.com/2010/07/11/world/asia/11water.html?_r=0
Australia proves desalination workshttp://www.sacbee.com/opinion/op-ed/soapbox/article4392261.html
http://hbfreshwater.com/desalination-101/desalination-worldwide
http://www.bloomberg.com/news/2013-03-06/drought-prompts-australia-to-turn-to-desalination-despite-cost.html
http://www.bloomberg.com/news/articles/2013-05-01/energy-makes-up-half-of-desalination-plant-costs-study
http://www.sydneydesal.com.au/how-we-do-it/process/process-overview/
The sustainability of desalination plants
in Australia: is renewable energy the
answer?
David Knights, Ecological Engineering, david@ecoeng.com.au   


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Poluição do ar pelos carros da VW e a queda do valor das ações

O aviso de Violação está endereçado para a rua Ferdinand Porsche, sede do grupo Volkswagen da America(do Norte) e é uma porrada: a agência de proteção ambiental americana(EPA) comunica que estava investigando e que vai continuar investigando as empresas que estão reunidas sob o guarda-chuva da VW(entre elas a Audi) para o cumprimento da lei do Ar Limpo, a data da mensagem é de 18 de  setembro de 2015. 
O documento continua batendo de mão fechada, a EPA indica que a VW desenvolveu e instalou dispositivos em determinados carros entre os anos de 2009 e 2015, movidos a diesel, com a intenção de burlar a lei. 

A instalação destes dispositivos nos automóveis, segundo a EPA determinou, fazia com que eles  não estivessem dentro das especificações de emissões que os certificados que eles possuíam afirmavam. Segundo a EPA, foi desenvolvido um programa de computador que quando o carro estivesse sendo testado, o resultado estaria dentro dos valores permitidos de emissão. Em condições normais de rodagem, sem avaliação, o programa desligava o o equipamento, o que reduzia a efetividade do sistema de controle das emissões. Como resultado, a emissão de gases a base de nitrogênio, que saiam dos escapamentos, conhecidos como NOx, aumentava entre 10 e 40 vezes acima dos valores máximos determinados pela lei.
Mas qual é a razão de tanto barulho? Qual é o problema do NOx?
NOx é o nome genérico dado aos gases NO(óxido nítrico) e NO2(dióxido de nitrogênio).  A exposição a estes poluentes tem sido associada há uma série de efeitos graves para a saúde, incluindo aumento de ataques de asma e de outras doenças respiratórias e/ou cardiovasculares relacionadas que podem ser graves o suficiente para enviar as pessoas para o hospital. 

Além de efeitos aos seres humanos, esses gases, ao serem transportados pelo ar, reagem com a água, formando ácido nítrico, contribuindo entre 25 a 30 % para a formação da chuva ácida. Outro efeito da influência dos óxidos a base de nitrogênio é na produção da fumaça fotoquímica, que ocorre quando óxidos nitrogenados (NOx) e compostos orgânicos voláteis (VOC) reagem na presença de luz solar.

O CEO da VW, prof dr Martin Winterkorn, veio a público num comunicado no próprio site da VW para informar que eles estão levando esta história muito a sério e se desculpou (profundamente) por ter quebrado a confiança das pessoas, e que a empresa está aberta a cooperar de maneira clara e transparente.

Mesmo assim, o mercado reagiu de mal o que fez as ações da VW caírem 23% causando uma perda no valor da empresa em algo em torno a US$ 15 bilhões.
Este caso é simbólico, nunca, num prazo tão curto, uma empresa perdeu tanto (dinheiro e valor) por uma causa ambiental, o choque derrubou o valor da ação, fez a confiança descer pelo ralo, mas mais importante, vai fazer com que outras empresas prestem atenção.

Como sempre, para leituras adicionais:
http://www3.epa.gov/otaq/cert/documents/vw-nov-caa-09-18-15.pdf
http://www.arb.ca.gov/newsrel/newsrelease.php?id=757
http://fortune.com/2015/09/18/volkswagen-recall-epa-smog/
http://carplace.uol.com.br/volkswagen-frauda-emissoes-e-vendas-de-carros-a-diesel-sao-suspensas-nos-eua/
http://www.abcm.org.br/anais/conem/2010/PDF/CON10-0881.pdf
http://www.volkswagenag.com/content/vwcorp/info_center/en/news/2015/09/statement_ceo_of_volkswagen_ag.html

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Bikes, Magrelas e Mortes II

Na semana passada escrevi aqui que deveria haver um estudo ambiental desenvolvido pela prefeitura de São Paulo provando que a criação das vias exclusivas para as bicicletas era a melhor solução. Em outras palavras, este trabalho demonstraria que a população usaria menos qualquer forma de transporte movido a  combustão interna (motor) e passaria a pedalar. Sem que se prove isso, o que ocorrerá será apenas a diminuição de uma faixa de rolamento aumentando o tempo de viagem entre dois pontos quaisquer da cidade e assim emitindo mais gás carbônico.
foto Bill Hatcher
Vários caminhos podem ser tomados, contatar universidades ou centros de pesquisa de opinião para fazer um levantamento de qual porcentagem da população usará ou usaria bikes para suas atividades cotidianas, qual caminho essas pessoas fariam e se, as já construídas vias para as bicicletas são suficientes, úteis, subplanejadas ou inúteis. Ou seja fazer ciência e ter números reais sobre a ocupação das ruas.


Outro caminho seria procurar outras instituições preparadas para este tipo de trabalho. Há um órgão internacional preocupado, entre outras coisas, com a mobilidade urbana. De nome ITDP(Institute for Transportation and Development Policy) algo como Instituto de Transporte e de Desenvolvimento de Políticas (Públicas) e que presta serviço em várias cidades no mundo. Tem como objetivo projetar e  implementar serviços de transporte de alta qualidade e auxiliar nas políticas públicas de maneira e a tornar as cidades mais viáveis, habitáveis e sustentáveis. Em São Paulo, eles ajudaram a planejar, com um plano piloto, as ciclo faixas e ciclo vias no entorno do Butantã. Uma das idéias deste grupo, no sentido de diminuir o uso de automóveis foi aquela já aplicada em Londres, o pedágio urbano, como uma forma de gerenciar a enorme demanda por transporte em automóveis, reduzir as emissões e tentar melhorar a qualidade de vida da população.
Los Angeles, foto Jodi Cobb
Na California, num caso bem parecido com o que acontece por aqui, acabou virando um problema bem americano, com advogados e a lei envolvida. Enquanto em Los Angeles se pretende construir 2800 km de  vias para bicicleta, em São Francisco o projeto dessas construções parou. Um camarada encontrou uma lei que em essência,  exige um estudo de meio ambiente aprofundado em relação as conseqüências de qualquer projeto que venha a alterar o tráfego em qualquer rua. Este é um estudo que tem que provar que vale a pena construir esses caminhos, que a população irá utiliza-los e que por causa deles se irá emitir menos CO2. Como esta é uma lei estadual todas as cidades da California tiveram seus planos de vias para bikes paralisados até que haja uma solução.  Por aqui não temos este tipo de lei.

Na Austrália  (Queensland Govermment) há vários estudos relativos a emissões de gás carbônico e o uso de bicicletas, para as condições locais, como consumo médio, tipo do combustível utilizado lá, assim como a parte da população que fica presa nos engarrafamentos. Um bem didático, que resume vários estudos, começa explicando as vantagens médicas de se pedalar. Passa pela vantagem de não se precisar de carros para pequenas distâncias, nem construir e manter  locais(aterros) para disposição final de carros ou peças originárias deles. Para o caso da terra dos cangurus, cada ciclista que pedale 10km diariamente deixa de emitir 1.500 toneladas de CO2 anualmente e economiza para o governo A$ 1.700,00 em transporte público. O transporte corresponde a 15,5% das emissões dos gases de efeito estufa e, sabendo este número uma das formas de se baixar é pelo uso constante e perene das magrelas. Este estudo é tão bacana que ele avança em outras áreas do conhecimento e afirma que pedalar permite as pessoas interagirem socialmente e se sentirem parte da sua comunidade local.


Para aqueles que gostam de economia, a Forbes, fez uma reportagem sobre o dia sem carro(Une Journée Sans Voiture A Day Without Car, Um dia sem carro), que acontece em várias cidades ao redor do mundo, eles capricharam e escolheram uma das mais bonitas do planeta, Paris. Aproveitando que este ano a reunião da ONU sobre o clima (COP 21) será lá farão o dia da bicicleta no período do encontro do clima. Então, neste mês de setembro, dia 27, teremos o dia sem carro.



Há vários trabalhos que dão base para discussões sérias e que devem ser feitos, basta saber se serão.

Como sempre, para quem quiser ler mais:
Nat Geo 1979, jan (pp 26-27) e 1997, may(pp 116-117)
https://www.itdp.org

http://www.tmr.qld.gov.au/Travel-and-transport/Cycling/Benefits.aspx#     
http://www.zdnet.com/article/are-bicycle-lanes-really-green-some-city-residents-see-red/ Página 6 de 11at tests this possibility, but many cities have modeled the effect of bicycle lanes before installing
http://www.forbes.com/sites/ceciliarodriguez/2015/08/19/french-car-ban-makes-history-for-one-day-in-september-there-will-be-no-traffic-in-paris/
The Indu, april 25, 2015

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Bikes, Magrelas e mortes

Adoro andar de bicicleta, a sensação é muito boa, seja num clima seco do deserto, num lugar úmido como uma serra ou numa praia. Por sorte, meu filho gosta também, e podemos andar juntos. Aos domingos em São Paulo há dezenas de quilômetros com ciclo vias e ciclo faixas e quando ocorre um alinhamento de planetas com a adolescência pedalamos lado a lado. Para aqueles que não conhecem é uma experiência bacana, esses caminhos passam ao lado de alguns dos maiores e mais bacanas parques da cidade.
Foram pintadas, ao longo da cidade, várias dessas pistas que têm validade permanente, outras valem apenas aos domingos. Quando essas pistas invadem as ruas os automóveis perdem uma faixa de rolamento e numa cidade como São Paulo isso virou um problema.  Pessoas que não acham certo essa divisão reclamam, falam que não houveram estudos, pessoas que não  gostam do partido do nosso alcaide esperneiam.

O caso foi parar na justiça pois se achava que não havia estudo nenhum sobre isso. A prefeitura venceu, havia um estudo chamado Boletim Técnico 50, do CET, 
com um subtítulo que explica bem qual era o objetivo do trabalho "A história dos estudos de bicicletas na CET" compilado pela Maria Ermelina Brosch Malatesta  do Departamento de Planejamento Cicloviário, da gestão passada, do Kassab. 
É um documento com valor histórico, mostra os desenhos iniciais, os croquis das vias para as bicicletas,  quais eram os pensamentos para se fazer aquele traçado, para a via sair de tal bairro o caminho melhor é por essa rua, há os primeiros desenhos, em papel antigo, estão lá neste documento, quem quiser ler está na internet, basta batucar algumas das palavras chaves e você terá o arquivo em pdf.

Pela lei, este documento cumpre a função de reunir os trabalhos, os estudos anteriores e provar que sim houveram estudos. Fui procurar os dados que interessam aos engenheiros, os números. Há apenas dois números que unem a engenharia e o meio ambiente. Neste estudo, está referido uma pesquisa em que 15% da população andaria de bicicleta. 

Como dei aulas de Laboratório de Física, ensinei aos meninos que, quando se faz uma medida, a menos que ela seja relativa a números absolutos, do tipo quantas pessoas estão na sua sala agora? 2? 3? Caso contrário, haverá um desvio, uma imprecisão, quando há eleições você lê isso todos os dias nos jornais. Fulano está com 20% de intenção de voto, então ele está com um número entre 18 e 22, isto ocorre porque a pesquisa não entrevistou a população toda, não entrevistou todo mundo. Então há aquilo que (me desculpem os puristas) se chama de erro, de 2%. Voltando a pesquisa que aparece no Boletim 50, não aparece as condições em que  ela foi feita. Para qual área da cidade foi?  Para qual faixa etária?  Nada, não há nenhuma dessas informações importantes, e não foi uma pesquisa feita a toda a população da cidade, então o aluno que me apresentasse esse dado, presente no relatório, não passaria de Lab Fis I.

O outro número que aparece no relatório 50 é que em 3 caminhos (vias, direções) há 15 mil ciclistas que utilizam as ruas da cidade, e só.
Este relatório, não trás uma informação de extrema importância que é qual a porcentagem da população irá utilizar efetivamente esses caminhos para bicicletas? Por exemplo: 2% da população até 2016, ou qualquer coisa assim, que indique a população irá usar bikes para ir ao trabalho ou  à escola. Nada. 
Esses caminhos foram traçados em planos que não levavam em conta qual a parcela da população que se utilizará dessas vias, essas mesmas vias que diminuem os espaços para os carros e fazem o tempo de viagem entre um ponto e outro seja maior e assim se emitir mais gás carbônico (CO2) do que quando não havia esses trajetos! (é isso mesmo irmã, você tinha razão desde o começo!)

O que pode acontecer se o próximo prefeito da cidade quiser acabar com as ciclofaixas(ciclovias)? Nada, não haverá um argumento relativo ao meio ambiente que alguém possa levantar para defender esses trajetos. Haverá, claro, muito papo furado, a natureza, o meio ambiente, as flores, mas nem um número.

Há um exército de pessoas lotado na prefeitura que poderia (e deveria) fazer um estudo do quanto não será emitido de CO2 devido ao uso pela população das magrelas, quantas toneladas não serão lançadas ao já poluído ar da metrópole. Nós merecemos ter um trabalho de verdade, sério, científico, até porque, se o trajeto proposto não é o certo, este deve ser alterado. Porque não há nenhum número, nem um único, que qualquer pessoa possa defender hoje esses caminhos, e isso é uma pena. 
Podemos estar jogando fora a chance de mudarmos a forma como a cidade se desenvolverá daqui pra frente, porque pessoas que recebem para isso não querem sentar a frente do computador e montar uma planilha excel.

Mortes e Mutilações
Um camarada chamado João Saldanha foi técnico da seleção brasileira de futebol em 1970. Numa entrevista ele foi perguntado qual a razão de não se convocar jogadores que não pulavam o muro da concentração para irem a boates, passando a noite fora e chegando cansados para o treino do dia seguinte. Ele respondeu que só poderia convocar os jogadores que estavam aqui na Terra, ele não poderia convocar os de Marte ou da Lua.

No Brasil se mata no trânsito  mais do que essas guerras ao redor do mundo todas somadas (tirando apenas Síria e acho que o Congo), 40.000 pessoas desde 2010, todos os anos. As pessoas morrem por aqui pelas mais variadas e estúpidas razões: bebedeira, ultrapassagem perigosa, excesso de peso em caminhões, não seguir as regras de trânsito. 
Assim, agora que há mais bicicletas rodando na cidade infelizmente, não podemos trazer motoristas, pedestres e bikers da lua, temos que nos virar com aqueles que moram por aqui.

Para quem quiser começar nesse mundo acho que o grupo mais famoso é o nightbikers http://nightbikers.com, da Renata Falzoni,para você que está em Sao Paulo e quer uma magrela emprestada http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2012/05/veja-como-funciona-o-novo-sistema-de-emprestimo-de-bikes-em-sp.html
, e em Nova York tem o grupo https://www.bikethebigapple.com