domingo, 4 de janeiro de 2015

Latinha no chão não é lixo é dinheiro

Um ótimo 2015 a todos!
Vamos começar o ano com um tema bem caseiro, a separação de recicláveis em nossas casas, abraços
                                                         Nat Geo de 2009, set p6, infelizmente sem o nome do fotógrafo
Numa das festas de Natal que acontecem na minha família, estávamos recolhendo o que havia sobrado e separando o lixo. No condomínio em que foi a festa há uma cooperativa que recolhe os resíduos recicláveis, então coloquei papeis, plásticos e as latas de refrigerante. Para minha surpresa, meu primo me disse que a cooperativa recolhe apenas os metais.  
                                            https://recilux.wordpress.com/2014/08/04/brasil-e-lider-mundial-em-reciclagem-de-aluminio/
A explicação é bem simples, o preço médio pago por papel é de R$ 0,20, pelo PET é de R$ 0,30 e para latinhas de alumínio sobe até R$ 2,20, todos por um quilo de material reciclado. Assim como o capitalismo venceu o socialismo no mundo, ele venceu na reciclagem também. É mais fácil, e por que não dizer mais lucrativo, trabalhar com um material que gera mais renda. O meio ambiente sai pela porta dos fundos, meio cabisbaixo e triste. 

Com esse valor por quilo de latinhas de alumínio, o Brasil está entre os primeiros do mundo em reciclagem, com um índice assombroso, de cada 100 latas produzidas apenas uma é perdida e não é reciclada, estamos nariz com nariz com o Japão neste campo. 

Para produzir o alumínio a partir do minério (a bauxita, que deve ser falada como taxi pois ambas têm origem francesa) é necessária uma quantidade enorme de eletricidade para fazer a separação entre os átomos de alumínio e os de oxigênio. O principal composto da bauxita é o Al2O3 que passa por um processo que tem o nome de edução eletrolítica,
(é ai que a energia elétrica é gasta). Esse custo de eletricidade corresponde a metade do valor do alumínio. Quando se dispõe de latinhas e não o minério como matéria-prima esse consumo cai a 5% de energia elétrica para fazer o mesmo alumínio, com as mesmas características físicas. 

Uma parte da energia elétrica gerada pela usina de Tucurui é utilizada para produzir alumínio.
                                                        Usina de Tucurui https://ontolo.wordpress.com/tag/impacto-ambiental/
O tipo de resíduo que geramos é função da nossa renda, quando mais rica for a cidade (a população) mais rico será o lixo e mais latinhas haverá no cesto. Por esse caminho, os catadores de cidades mais pobres também recolhem recicláveis menos rentáveis. 

As cidades de menor renda geram mais embalagens de menor custo, como o PET das garrafas de refrigerantes e esses vasilhames são recolhidos. Nas cidades mais ricas sobram essas embalagem pois os catadores preferem carregar as latinhas, que eles sabem que estão por ali e não as garrafas PET que ocupam grande volume e valem menos. O índice de reciclagem do PET está acima dos 50%, mas e se fosse reciclado 100%? haveria demanda para toda essa matéria-prima? Sim pois calças jeans e vassouras hoje em dia são feitas de PET reciclado e há falta. E hoje o que não é reciclado?  Acaba ornando nossos rios e lagos.
                                                            http://www.bms-services.com/pollution-discussion-questions/
E o título do texto? isso é o que falo ao meu filho quando bebemos algo na rua e sobra uma latinha, não, não põe no lixo não, põe no chão alguém vai vir pegar (há uma pesquisa que mostra o tempo de vida de uma latinha de aluminio deixada no chão na Paulista, ela some em menos de 3 minutos).




http://www.scielo.br/pdf/esa/v17n2/a06v17n2.pdf
http://www.amda.org.br/?string=interna-projetos&cod=30



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