Na semana passada uma
parte do Brasil ficou sem energia elétrica.
Para termos energia em casa é
necessário que o governo (ou alguém ) invista muito dinheiro em basicamente
duas áreas: produzir energia (ou converter a partir de alguma fonte) e
transportar essa energia de onde ela é gereada para onde estamos.
A primeira parte do
problema é complicada, para grandes aglomerações de pessoas, como as que ocorrem
nas cidades, não há um modo verde de se gerar energia. Como a necessidade é
muito grande, só se abastece com energia vinda de hidroelétricas, de usinas
atômicas ou a partir da queima de combustível fóssil. Mesmo países como a
Alemanha onde a consciência ecológica está presente em todos os níveis e a população
pode pagar a mais por uma energia mais limpa, isso não ocorre, desde o ano
passado, lá está se queimando mais combustível de origem fóssil do que nos anos
anteriores.
Decidir por qual
das fontes energéticas, ou tecnicamente qual será a matriz energética do país,
demanda tempo e estudos. No início deste milênio uma mistura destes dois itens
somados com um pouco de desorganização, falta de interesse e de capacidade fez
com que o país tivesse que passar por escassez de energia. Todos nós, sociedade
civil e indústrias, pagamos por essa trapalhada.
Agora, estamos com
problemas na segunda parte do problema, o envio/transporte da energia onde é
produzida para onde estamos, os consumidores.
Construir linhas de transmissão que atravessem Estados inteiros, cruzem
rios, desviem de cidades, resistam a chuvas, raios e queimadas, não é uma
tarefa simples. Novamente, as pessoas que estão envolvidas nesta etapa tão
importante não estão a altura da tarefa, as constantes falhas nas linhas
transmissão de energia que nos atendem são provas disso.
A busca por
soluções de qual energia deva ser produzida e de como levá-la, de como achar o
melhor caminho, a melhor solução que não agrida tanto o meio ambiente, elaborar
uma solução criativa e que atenda as nossas necessidades é meta a ser
alcançada. Alguns casos de solução inovadora são impressionantes.
Na década de 90
havia um seriado em que um dos atores era chamado, em casa, carinhosamente de
George, talvez por ser o mesmo nome de meu avô minha mãe gostava dele. Ela
dizia que ele seria famoso. Ele era George Clooney.
photo by Jayson Mellon NatGeo apr 2006
Em um dos seus filmes,
ele salva o mundo de explosões de bombas atômicas soviéticas que haviam sido
roubadas. Ele conta com a ajuda da linda e talentosa Nicole Kidman. O filme é O
Pacificador, The Peacemaker no original, de 1997.
Na vida real, com o
término da Guerra Fria no final da década de 80, a Rússia anuncia (no início de 1990) que guardará em abrigos boa parte do seu arsenal nuclear. Um professor de um instituto americano, o
MIT, imaginou que as armas atômicas soviéticas não estariam bem armazenadas,
não haveria nem gente, nem locais e nem dinheiro suficiente para guardá-las em
segurança. Isso poderia deixar algumas pessoas tentadas a vendê-las ou a
facilitar seu roubo e aconteceria algo parecido ao ocorrido no filme.
A ideia maravilhosa
deste professor, Thomas Lee Neff, para que catástrofes nucleares como aquelas planejadas no filme
não acontecessem foi utilizar o urânio presente nas bombas para se fazer
combustível de usinas nucleares. Sua
ideia foi reciclar o urânio enriquecido das bombas, e transformá-lo em urânio
empobrecido para as usinas nucleares que geram eletricidade.
O urânio encontrado
na natureza se apresenta na forma de dois tipos diferentes de isótopos o 238U
com 99,2% e o 235U com uma concentração de 0,72%. Tanto para se
fazer combustíveis nucleares como para bombas o urânio utilizado é o U235,
então é necessário concentrar o urânio que está na natureza. Este processo se
chama enriquecimentodo do urânio. Para o combustível nuclear o enriquecimento
fica entre 3 a 5% e, para artefatos nucleares acima de 90%.
Em 1995, o governo
americano quis por a idéia em prática, e para isso criou um programa, o The Megatons to Megawatts, uma parceria
comercial/financeira entre o governo e a indústria para gerar fundos com a
função de pagar o desmantelamento das armas atômicas, diluir o urânio e pagar
ao governo russo pelo urânio. Foram gastos US$ 18 bilhões, este número não é
preciso os valores mudam de acordo com o documento, nessas tarefas e 20.000
artefatos nucleares foram transformados em 14.000 toneladas de combustíveis
nucleares. Foram 250 viagens de navios carregados durante os 18 anos de
programa. O urânio obtido desta forma gerou( e ainda gera) energia elétrica
para uma em cada 10 lâmpadas nos Estados Unidos.
Assim como George
não recebe um agradecimento mundial pelo esforço feito para salvar a vida de alguns
milhares de seres bípedes o professor Neff também não é mundialmente reconhecido,
neste último caso é realmente uma pena.
NatGeo aug 2005
No Brasil, temos
muito o que fazer nas áreas de geração e de distribuição de energia elétrica. Começa pela definição de qual deva ser a matriz energética do país, esta é uma escolha que
interfere o desenvolvimento a longo prazo. Para que lado vamos crescer? Quais as tecnologias deverão ser estudadas? Quais empresas devem se preparar? Alguns desses geradores de energia
como o álcool entram e saem da lista assim como a energia nuclear. A energia
criada a partir das barragens e pela energia potencial acumulada pela água, é vista pelo mundo como uma energia
limpa e, internamente é motivo de discuções e brigas judiciais não somente com os ambientalistas como também pelos órgãos públicos.
Como sempre, alguns textos de referência para quem quiser se aprofundar no assunto.
National Geographic, april 2006 an aug 2005
http://nyti.ms/1fiqu7T From Warheads to Cheap Energy
Thomas L. Neff’s Idea
Turned Russian Warheads Into American Electricity
By WILLIAM J. BROADJAN. 27, 2014
20 January 2014 Last updated at 12:48 GMT
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