Tive aulas de uma
disciplina chamada Climate Change/Mudanças Climáticas com um professor
fantástico de nome Dieter Anhoulf. Ele ensinava (tomara que ainda ensine) de
forma clara e objetiva, mostrando sempre de onde vinha o conhecimento, apontava
onde haviam dúvidas e onde era a fronteira do conhecimento. Estava sempre de
bom humor. Enfim um camarada que merece ser chamado de professor e uma daquelas
pessoas que procurei, e digo sem ficar embaraçado, me espelhar e até copiar em
sala de aula.
Foi a partir dele que me
apeguei ao conhecimento de meio ambiente, que me interessei em ler e aprender e
criei os cursos de pós-graduação nessa área na Unicsul.
Uma das aulas mais
interessantes, e mesmo não me trazendo boas lembranças acadêmicas, é a sobre o
Clima Mediterrâneo.
Apesar de se chamar clima
Mediterrâneo, ele existe não só lá ao sul da Europa, mas em vários outros
lugares do planeta. Há esse tipo de clima no sul da África do Sul, no sudoeste
da Austrália, no oeste do Chile e da Califórnia.
O entendimento de clima
permite compreender melhor alguns fatos da história. Por exemplo, ajuda a explicar a razão
dos mouros terem permanecido mais de 700 anos na região da Península Ibérica,
numa região região árida bem parecida com a do norte do deserto do Saara.
Este clima é seco, com
baixa umidade, durante o verão e mais úmido no inverno. É o ideal para produzir
vinho. Um verão com baixa umidade faz a água presente nas uvas secar, de
maneira a atingir o equilíbrio, deixando um sumo mais concentrado. O que faz um
vinho mais saboroso.
Voltando ao curso do professor Dieter, durante a aula, fiz uma
associação que em todos os lugares em que há esse tipo de clima se elaboram os
vinhos de melhor qualidade. Nem a Universidade de Berlim do meu querido
professor Anhouf nem um único pedaço da Alemanha há a sobreposição com a área de
clima Mediterrâneo, meu deslize.
Além de produzirem ótimos
vinhos, as regiões cobertas por esse tipo de clima as vezes sofrem alguns
transtornos. O verão seco e sem chuvas facilita a ocorrência e a propagação de incêndios.
Assim, em Portugal, em parte da Australia e na Califórnia é comum que incêndios
consumam casas e até bairros inteiros. O skatista brasileiro Bob Burnquist
passou por um sufoco desses e quase perdeu sua mega rampa e sua casa.
Esse tipo de fenômeno
nada tem a ver com mudanças climáticas. O verão seco que ajuda a produzir
vinhos deliciosos é o mesmo que facilita as casas a pegarem fogo.
A natureza dessas regiões
selecionou as plantas mais bem adaptadas, as árvores, por exemplo, algumas delas
apresentam camadas de cortiça. A cortiça funciona como um isolante térmico e
não deixa a árvore queimar por inteiro e morrer. Já as casas não possuem esse
tipo de proteção e os incêndios se alastram de maneira que a fumaça pode ser
vista até de satélites.
No Brasil faz-se vinhos
historicamente no Rio Grande do Sul, onde o clima é o subtropical. Esse clima
tem como característica ser úmido no verão, com chuvas, e seco no inverno. Para
aqueles que vivem em São Paulo, temos o mesmo clima. Um verão com chuvas
torrenciais e um inverno seco. No inverno, com a poluição enorme há uma grande
quantidade de material particulado no ar e como chove pouco esse material
continua no ar, não sendo arrastado pelas gotas até o solo. Esse material
particulado é extremamente ávido por água, é higroscópio, e isso provoca a
retirada de mais água no ar da cidade. Tudo isso junto cria as condições ideais
para criar um ar de péssima qualidade, fazendo com que as crianças tenham
problemas respiratórios e os hospitais pediátricos fiquem lotados nesse época
do ano.
Há uma outra região no Brasil
que produz bons vinhos, é a região do Vale do São Francisco, que sob certas
condições, simula o clima Mediterrâneo.
Em tempo, não fechei a
disciplina com A.
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