domingo, 2 de junho de 2013

Vinhos e o Inverno seco em São Paulo


Tive aulas de uma disciplina chamada Climate Change/Mudanças Climáticas com um professor fantástico de nome Dieter Anhoulf. Ele ensinava (tomara que ainda ensine) de forma clara e objetiva, mostrando sempre de onde vinha o conhecimento, apontava onde haviam dúvidas e onde era a fronteira do conhecimento. Estava sempre de bom humor. Enfim um camarada que merece ser chamado de professor e uma daquelas pessoas que procurei, e digo sem ficar embaraçado, me espelhar e até copiar em sala de aula.

 
Foi a partir dele que me apeguei ao conhecimento de meio ambiente, que me interessei em ler e aprender e criei os cursos de pós-graduação nessa área na Unicsul. 

Uma das aulas mais interessantes, e mesmo não me trazendo boas lembranças acadêmicas, é a sobre o Clima Mediterrâneo.



Apesar de se chamar clima Mediterrâneo, ele existe não só lá ao sul da Europa, mas em vários outros lugares do planeta. Há esse tipo de clima no sul da África do Sul, no sudoeste da Austrália, no oeste do Chile e da Califórnia.

O entendimento de clima permite compreender melhor alguns fatos da história. Por exemplo, ajuda a explicar a razão dos mouros terem permanecido mais de 700 anos na região da Península Ibérica, numa região região árida bem parecida com a do norte do deserto do Saara.

Este clima é seco, com baixa umidade, durante o verão e mais úmido no inverno. É o ideal para produzir vinho. Um verão com baixa umidade faz a água presente nas uvas secar, de maneira a atingir o equilíbrio, deixando um sumo mais concentrado. O que faz um vinho mais saboroso.

Voltando ao curso do professor Dieter, durante a aula, fiz uma associação que em todos os lugares em que há esse tipo de clima se elaboram os vinhos de melhor qualidade. Nem a Universidade de Berlim do meu querido professor Anhouf nem um único pedaço da Alemanha há a sobreposição com a área de clima Mediterrâneo, meu deslize.

Além de produzirem ótimos vinhos, as regiões cobertas por esse tipo de clima as vezes sofrem alguns transtornos. O verão seco e sem chuvas facilita a ocorrência e a propagação de incêndios. Assim, em Portugal, em parte da Australia e na Califórnia é comum que incêndios consumam casas e até bairros inteiros. O skatista brasileiro Bob Burnquist passou por um sufoco desses e quase perdeu sua mega rampa e sua casa.

 Esse tipo de fenômeno nada tem a ver com mudanças climáticas. O verão seco que ajuda a produzir vinhos deliciosos é o mesmo que facilita as casas a pegarem fogo.

A natureza dessas regiões selecionou as plantas mais bem adaptadas, as árvores, por exemplo, algumas delas apresentam camadas de cortiça. A cortiça funciona como um isolante térmico e não deixa a árvore queimar por inteiro e morrer. Já as casas não possuem esse tipo de proteção e os incêndios se alastram de maneira que a fumaça pode ser vista até de satélites.


No Brasil faz-se vinhos historicamente no Rio Grande do Sul, onde o clima é o subtropical. Esse clima tem como característica ser úmido no verão, com chuvas, e seco no inverno. Para aqueles que vivem em São Paulo, temos o mesmo clima. Um verão com chuvas torrenciais e um inverno seco. No inverno, com a poluição enorme há uma grande quantidade de material particulado no ar e como chove pouco esse material continua no ar, não sendo arrastado pelas gotas até o solo. Esse material particulado é extremamente ávido por água, é higroscópio, e isso provoca a retirada de mais água no ar da cidade. Tudo isso junto cria as condições ideais para criar um ar de péssima qualidade, fazendo com que as crianças tenham problemas respiratórios e os hospitais pediátricos fiquem lotados nesse época do ano.

Há uma outra região no Brasil que produz bons vinhos, é a região do Vale do São Francisco, que sob certas condições, simula o clima Mediterrâneo.

Em tempo, não fechei a disciplina com A.















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