segunda-feira, 27 de maio de 2013

Chuvas, Mudanças Climáticas e o Tornado de Oklahoma


Quando se faz um projeto de engenharia, e pode ser uma casa, uma estrada ou uma fábrica uma das preocupações que se tem em mente é a de estimar a quantidade de água de chuva que atingirá a área deste projeto. 

Em um projeto de uma casa deve-se saber, ou pelo menos estimar, qual o maior volume de chuva que cairá em um determinado período de tempo, assim pode-se calcular as calhas que farão o encaminhamento da água a partir do telhado para o sistema de coleta de águas pluviais. Em uma estrada esse conhecimento é importante para minimizar ou não permitir que enchentes e inundações a danifiquem.  Em projeto de uma fábrica onde, por exemplo, haja uma área reservada para armazenamento de rejeitos, hoje também chamados de co-produtos, é primordial ter o conhecimento de que a contenção que foi pensada para esses resíduos resista a chuva de maior intensidade.  

Através de tempo tem-se guardado dados relativos a precipitação das chuvas. O serviço meteorológico faz isso, e por regiões. De maneira a se ter registrado historicamente dados referentes a pluviometria e a chuva de maior intensidade. A chuva com período de recorrência de 100 anos. 

Para isso, não se leva em consideração se ele está localizado em uma região árida ou alguma estação do ano em particular. Se considera apenas a maior quantidade de chuva em um determinado período de tempo. Este valor é chamado de chuva com período de recorrência de 100 anos. No Brasil o valor médio é de 240 mm/hora. Para valores mais precisos e mais informações há a norma NBR 10.844.

Dessa forma, se faz um projeto pensando no caso mais intenso de chuvas, visando a  a sua segurança e durabilidade, onde o período de recorrência  refere-se ao espaço de tempo em anos onde provavelmente ocorrerá um fenômeno de grande magnitude pelo menos uma vez(http://www.ceset.unicamp.br/~hiroshiy/ST%20-%20306/Manual_Hidrologia.pdf).  

Esta semana o teto da Arena Fonte Nova, na Bahia, rompeu. Uma das membranas que recobre o estádio cedeu, parece que foi  que foi outra a causa, e não um erro na estimativa da chuva.


http://globoesporte.globo.com/ba/noticia/2013/05/fotos-veja-imagens-do-rompimento-da-cobertura-da-arena-fonte-nova.html

Nos Estados Unidos existe uma época ou uma temporada de tornados. Nos Estados mais ao sul este período fica concentrado entre março e maio. Na região de planícies, na parte central, os tornados aparecem entre maio e junho. Na região do golfo do México ocorrem na primavera, ou seja no outono segundo o nosso calendário. Só este ano mais de 200 tornados já foram registrados por lá.
Na semana passada um tornado gigante de mais de 1 quilômetro de largura matou pelo menos 90 pessoas em Oklahoma.

Desde a década de 90 tem-se tentado associar os fenômenos climáticos mais severos tais como chuvas intensas, fortes furacões e secas duradouras  as mudanças climáticas provocadas pela ação do homem.
No caso do tornado de Oklahoma essa tendência também se confirmou, alguns meios de comunicação tentaram  correlacionar a intensidade deste fenômeno como resultado das ações do homem.

            http://i.livescience.com/images/i/000/050/932/iFF/moore-oklahoma-tornado.jpg?1369418898

Infelizmente, essa associação não é exata, pelo menos não por enquanto. Para que pudéssemos aceitar isso, mais dados e por muito mais tempo devem ser coletados e analisados, de maneira semelhante a que é feita com os dados das chuvas. Ou seja, apenas se pudéssemos observar que a intensidade dos tornados aumentou ao longo de um período de tempo relativamente grande, anos, então se poderá confirmar a correlação entre as emissões geradas pelo homem e essa mudança climática.

 Assim como as chuvas aqui no Brasil, os tornados nos Estados Unidos são fenômenos meteorológicos cotidianos e esperados. Este que ocorreu agora pode ter sido mais forte e mais duradouro mas apenas essas informações não permitem a associação segura com, por exemplo, as emissões de CO2 geradas por máquinas e motores.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Imagens da Terra Através do Tempo


Após um período em silêncio retorno, para semanalmente, escrever sobre meio-ambiente.   
Dia 9 de maio importantes organizações norte americanas (Google,  U.S. Geological Survey, NASA e o grupo TIME ) se uniram para apresentar imagens a todo aquele que tiver um computador, um smartphone ou um tablet e uma conexão de internet. Essas fotos mostram como a superfície da Terra se modificou nos últimos 25 anos.  Está lá em http://googleblog.blogspot.com.br/2013/05/a-picture-of-earth-through-time.html. São fotografias tiradas do espaço e arrumadas de maneira a se te ver a idéia da passagem do tempo. Essas imagens passam do inusitado, de como variou a costa de Dubai com os condomínios em forma do contorno dos continentes  e de palmeira ao triste e conhecido desmatamento da Amazônia. É a tecnologia a serviço do homem, de maneira didática, simples e clara. 
Esse tipo de informação é muito importante pois ajuda a entender como o homem interferiu na crosta no passado recente. Normalmente o que é feito pelos cientistas é apresentar os fenômenos a partir de gráficos e de curvas. 
Um dos gráficos mais famosos é o da variação da temperatura, e de dois dos gases mais importantes do efeito estufa, os gases dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4) ao longo de milhares de anos. Este gráfico foi retirado do relatório do elaborado pelo IPCC (http://www.ipcc.ch) Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, que é um órgão constituído por milhares de cientistas de todo o mundo.
Este gráfico tem no eixo x (das abcissas)  o tempo, e o ponto zero são os dias de hoje. E caminha para trás em milhares de anos. No eixo y (das ordenadas) estão a temperatura em graus celsius e a concentração de CO2 e de CH4. Esses dados foram coletados a partir de bolhas de ar que estão presas no gelo. Cientistas desceram tubos verticalmente na superfície da Antártica. Quanto mais profundo a bolha e, o gelo, mais antiga, mais para trás no tempo,  é a amostra da atmosfera. O que pode se ver no gráfico é que tanto a concentração dos gases como a temperatura variam da mesma maneira. Quando a concentração dos gases abaixa a temperatura está baixa. Quando a concentração aumenta a temperatura aumenta também. Os pontos mais baixos, 4 podem ser vistos neste diagrama, das curvas representam Eras do Gelo, como aquele desenho animado. São mostrados ciclos de aquecimento e de resfriamento da Terra. Um fato relevante deste gráfico é que a variação da média de temperatura na Terra de apenas 14oC (entre o ponto mais baixo e o mais alto) provoca mudanças bruscas no clima e na superfície. Como o gráfico tem a temperatura média e não a absoluta na realidade em algumas regiões do globo a variação da temperatura é de dezenas de graus. A partir deste gráfico são feitas algumas das previsões, algumas vezes catastróficas com relação ao aumento da concentração de CO2 na atmosfera. Como a concentração de CO2 passa do ponto mais alto representado no gráfico, o que se estima é que a temperatura média do globo deva passar dos 4oC acima da média. Dessa forma alterações mais drásticas do clima e da superfície são esperadas. Em outra coluna apresentarei quais são esses prognósticos e a polêmica gerada a partir deles.