terça-feira, 18 de junho de 2013

Água


No planeta Terra mais de 70% da superfície está coberta por água, a piada que é antiga, mas ainda vale, é que este planeta deveria se chamar Água e não Terra!
Porém se a gente levar em conta que tem uma massa de terra para suportar esse aguaceiro todo, o novo desenho seria mais ou menos assim:

Dessa água, 97,5% é salgada, sobrando apenas 2,5% de água doce. Quase 70% da água doce está indisponível, ou na forma de gelo em icebergs na Antártica e na Groenlândia, no solo na forma de umidade e em aquíferos tão profundos que não são viáveis, pelo menos não por enquanto.

Menos de 1% da água potável no planeta (~ 0,007% de toda a água existente) está acessível em rios, lagos e em reservatórios próximos a superfície.

A água está ligada a história da ocupação da Terra pelo homem. Desde a Roma antiga, os romanos construíam além das estradas que sempre levavam a ela, aquedutos. Todas as grandes cidades foram fundadas próximas a rios e a mares. Não só pela facilidade de ir e vir, mas também para se ter o que beber e com que regar as plantações. Londres tem o Tamisa, Paris o Sena, em Nova Iorque o Hudson, Toronto tem o lago Ontario, Recife tem o Capibaribe e o Atlântico, e em São Paulo há os rios Tiete, Pinheiros e Tamanduateí. Em Brasília, que é uma cidade planejada, e que está situada em uma região seca e sem rios nem mares projetou-se um lago, não para o transporte mas para melhorar a umidade local.

A quantidade de água que um ser humano consome por dia varia de acordo com vários fatores e não apenas da sua sede. Depende da localização da sua casa e da sua condição socioeconômica. Se a pessoa for um ermitão vivendo no meio da selva amazônica, ela deverá gastar entre 10 e 20 litros de água por dia. Se essa mesma pessoa morar em uma cidade, seu consumo diário devido a limpeza, ao trabalho, a manufatura dos seus bens de consumo (um automóvel consome durante a sua fabricação quase 400.000 litros) e as necessidades pessoais somarão um pouco menos de 600 litros. Agora, se esta pessoa morar nos Estados Unidos, que detém o recorde de maior consumidor de água entre todos os países, a média será o valor astronômico de 3.200 litros por dia.

Se toda a população da Terra tivesse o padrão de vida e assim o consumo de água num valor médio entre o europeu e o da América do norte seriam necesssários 3,5 planetas para atender essa demanda!


Da água retirada da natureza para o nosso consumo 65% irá para a agricultura(isso varia de região para região, na Europa esse número é de 38 e na Ásia sobe para 86%), 10% para uso doméstico (em nossas casas, no serviço público de águas e esgoto, no comércio e serviços públicos), 20% nas indústrias e 5% perdido devido à evaporação.

A água é responsável também pela (boa) saúde da população. Na virada deste século 1,1 bilhão de pessoas não tinha acesso à água potável e 2,6 bilhões viviam em áreas sem saneamento básico. A falta de água potável fez-se criar uma expressão, que infelizmente, é muito utilizada tensão devido ao uso intensivo de água doce (freshwater stress). A maior parte dos países que não dispõe de água potável se encontra na África, na Ásia e no Pacífico.

 As Nações Unidas possuem um órgão que cuida das ações e da divulgação de informações a respeito do meio ambiente, é o UNEP (United Nations Environment Programme). Entre muitos outros assuntos como mudanças climáticas a água é tratada. Na figura abaixo, retirada de um documento gerado pela UNEP, se observa a evolução das áreas que sofreram e que muito provavelmente sofrerão por ter um consumo de água potável elevado em função do total de água disponível. Em 30 anos, países como Estados Unidos, China e India, que representam boa parte da população sofrerão com freshwater stress.


Como em todos os conjuntos de dados que representam médias, os desta figura também têm alguns desvios importantes e conhecidos. No nordeste brasileiro e no norte do Chile, no Atacama, são regiões semiáridas e secas e, claro geram tensão pelo uso de água doce e esses fatos não são mostradas aqui.

O nosso consumo de água é um tema importante e que deve ser revisto. Como mandava nossas professoras, deixar a torneira aberta enquanto escova os dentes ou faz a barba, a menos que tenha um necessidade de hipnotismo ou de cunho religioso,  deve ser evitado pois gasta uma água que é pouca e preciosa no mundo. 


A cidade de São Paulo é uma das que está sempre nas listas das mais populosas do mundo, e está ficando sem água para abastecer sua população, uma prova disso é que a está buscando a mais de 50 km da capital.

Um dos maiores problemas no que se refere a economia e a redução no consumo é o valor do litro de água. Este preço é tão baixo que é medido em metros cúbicos (= mil litros) para se ter um número mensurável e que você possa olhar e ver na sua carteira. O valor varia de acordo com a moradia e com a faixa de renda das pessoas, começando com valores próximos a R$ 0,50 e provavelmente você, que está lendo, deve pagar R$ 7,02 por mil litros, um pouco mais de 7 centavos por litro de água. É bem difícil economizar quando por 7 reais você pode tomar um banho de banheira em 1 m3 de água.

Para ser preciso nesses números a empresa pública que faz a entrega da água no Estado de São Paulo, ao vender a água vende também, e cobra, o tratamento, pelo mesmo preço por litro de água. Assim, o valor final pelo uso da água é o dobro do apresentado no parágrafo anterior.

E Onde há água doce?
No Canadá está 20% de toda a água doce do planeta e no Brasil há uma parte do maior aquífero de água doce do mundo, o aqüífero Guarani, com uma produção estimada de 40 Km³/ano. Ele se estende por 4 países além do Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina.

A outra opção quando não se tem água potável é produzi-la a partir de um tipo  muito abundante na Terra, a água salgada pelo técnica de desalinasação.

A desalinazação é um processo de destilação onde a partir de água salgada se produz água potável. Há o aquecimento da água salgada, ocorre a evaporação de água apenas, deixando os sais e essa água doce é recolhida.

Há fábricas de desalinazação em mais de 120 países do mundo, tais como Arabia Saudita, Omãn, Espanha, Portugal, Grécia, China, Índia, Austrália e Estados Unidos. Em projetos de capital, o valor do investimento está entre R$ 2,50 a 3,00 por litro que se deseja produzir. O preço do metro cúbico da água produzida por desalinação está compreendida entre R$ 1,60 e 3,20 (valores de projetos desenvolvidos nos Estados Unidos). Esses valores são os números finais e fechados não da para saber quais foram os incentivos e descontos governamentais dados para a instalação.

Uma arquitetura possível de uma fábrica de produção de água potável a partir de água do mar pode ser visto na figura abaixo, parecendo uma plataforma de petróleo.

Água é uma substância incolor, inodora e insípida, para quem nunca experimentou aquela produzida por desalinização é ainda mais insípida!


Apesar dos custos, para nós, a população, de um litro de água doce original e de outra proveniente da desalinização serem muito próximos e de haver um estoque praticamente inesgotável de água nos mares, só o fato de já existirem tantas fábricas para desalinizar água do mar é um alerta para que o consumo seja repensado. 

Está se acabando com água doce existente e o raciocínio não deve ser simplesmente, não há problema há oceanos para se beber. Estamos chegando a um dos limites de demanda do planeta e este é um fato importante.


foto de Peter Campbell


Como sempre, para mais informações, vejam os links abaixo: 


http://www.learner.org/courses/envsci/visual/visual.php?shortname=world_freshwater
http://www.globalchange.umich.edu/globalchange2/current/lectures/freshwater_supply/freshwater.html























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